Amigos, o texto abaixo foi retirado do site da VEJA e achei conveniente e pertinente postá-lo aqui em meu blog, tendo em vista que há dúvidas e controvérsias em relação ao uso da palavra PRESIDENTA, que, no final das contas, é como a Sra. Dilma Roussef prefere ser chamada. Cabe a nós, acatarmos ou não sua vontade. Vai da vontade e discernimento de cada um.
Para mim, a palavra PRESIDENTA soa mal e abre precedente para outros tantos substantivos serem usados e falados no feminino.
Como professora e estudiosa da língua portuguesa, sei que o termo em questão não está errado, mas como apreciadora do português bem falado, ainda fico com "a Presidente".
Beijinhos, a garota do Blog.
Sobre Palavras - Blog e Colunistas
Nossa língua escrita e falada numa abordagem irreverente
Sérgio Rodrigues
Publicado em 01/01/2011 às 8:00 \ Palavra da semana
Publicado em 21 de outubro de 2010. Reitero, no dia da posse da presidente Dilma Rousseff, a preferência pessoal que manifestei então.
“Estou com uma dúvida sobre a palavra ‘presidente’. Na campanha eleitoral, o presidente Lula se referiu a Dilma como a próxima ‘presidenta’. Eu queria saber se está certo o feminino de presidente: presidenta.” (Karla Emerich)
Como em tantas questões de língua que vêm parar aqui, convém abandonar logo de saída as noções estreitas de certo e errado. Não está errado usar “presidenta” como feminino de presidente, assim como não está errado tomar presidente como palavra de dois gêneros, invariável. Esta é a forma dominante, aquela uma variação emergente – que, no entanto, já foi reconhecida por nossos principais dicionários.
Esquecida a ideia primária de erro, a discussão fica bem mais interessante. A lógica desse tipo de embate na língua costuma ser muito mais política do que técnica.
Os argumentos a favor de presidente como substantivo e adjetivo de dois gêneros costumam se concentrar em duas frentes, ambas fortes. A primeira é a tradição dos bons autores, que sempre se inclinaram maciçamente por essa forma. A segunda é etimológica: vinda do latim praesidentis, particípio presente do verbo praesidere (tomar assento à frente), a palavra seria invariável desde a origem. Se são indiscutivelmente invariáveis até hoje termos como assistente e dependente, de formação semelhante, e a ninguém ocorre dizer que tem uma assistenta ou uma dependenta, por que precisaríamos da palavra “presidenta”?
Do lado oposto, porém, os argumentos também são consideráveis. Descobrimos que os tais bons autores podem ser invocados com sinal trocado. Parente, por exemplo, também é um termo unissex, mas isso não impediu a palavra “parenta” de ter amplo uso desde a infância do português, inclusive na obra de Machado de Assis (encontramos certas “qualidades de senhora e de parenta” em “Memorial de Aires”, por exemplo). Etimologia, afinal, nunca foi uma camisa-de-força que constrangesse as mudanças da língua. E se, como diz o jornalista Marcos de Castro em seu curioso livro “A imprensa e o caos na ortografia”, de 1998, falar em “a presidente” for “machismo puro, vigente na velha gramática como em tudo no passado”? Em outros termos: só não se usava “presidenta” porque a sociedade não admitia que uma mulher presidisse coisa alguma.
No fim das contas, cabe ao falante julgar os méritos de cada palavra e fazer sua escolha – exatamente como na política. Ou fazer sua escolha de forma inconsciente, de orelhada – o que também ocorre com frequência, infelizmente, na política.
E para não dizerem que fiquei em cima do muro: no meu dicionário pessoal, presidente é uma palavra de dois gêneros. Acho que tem sonoridade melhor, além de evitar um possível surto politicamente correto que acabe por povoar o mundo de (argh!) gerentas, atendentas e adolescentas. Se o Brasil terá ano que vem um presidente ou uma presidente, só pretendo mudar o artigo.
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