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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Para começar bem o dia...só com poesia.
Beijinhos, a garota do Blog.

Nos Bosques, Perdido

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos labios, sedento, levante seu sussurro:
era talvez a voz da chuva chorando,
um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me parecia
oculto gravemente, coberto pela terra,
um gruto ensurdecido por imensos outonos,
pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,
o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimento
como se, repentinamente, estivessem me procurando as raízes
que abandonei, a terra perdida com minha infância,
e parei ferido pelo aroma errante.
Não o quero, amada.
Para que nada nos prenda
para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua boca
nem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemos
nem teus soluços junto à janela...

Pablo Neruda

terça-feira, 3 de maio de 2011

Para embelezar o dia...só com poesia.

Aqui te amo

Aqui te amo.
Nos obscuros pinheiros o vento desenlaça.
A lua fosforesce sobre as águas errantes.
Dias iguais se perseguem. 
A névoa se desenha em figuras dançantes.
Uma gaivota de prata se descola do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Só.
Às vezes amanheço, e até minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Este é um porto.
Aqui te amo. 
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.

Estou te amando ainda entre estas frias coisas.

Às vezes vão meus beijos nestes barcos graves,
que correm pelo mar até aonde não chegam. 
Já me creio esquecido como essas velhas âncoras.
São mais tristes os molhes quando a tarde atraca.
Minha vida se afadiga faminta inutilmente.
Amo o que não tenho. Tu estás tão distante.
Meu fastio faz força com os lentos crepúsculos.
Mas a noite chega e canta para mim.

A lua faz girar sua roda de sonho. 

Me olham com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento
querem cantar teu nome com suas folhas de cobre.


Pablo Neruda


Mais um poema do grande poeta chileno, Pablo Neruda. 
Espero que vocês gostem e apreciem como eu.

Beijinhos, a garota do Blog.